Cães podem enxergar o campo magnético da Terra usando moléculas magnetorreceptoras, encontradas em seus olhos. Esse achado pode significar que carnivoros canídeos e algumas espécies de primatas podem ter uma bússula magnética interna, similar a das aves.

Quem diria que nossos cães poderiam enxergar campos magnéticos. Não sei você, mas acho isso impressionante!
Os responsáveis por essa percepção seriam os criptocromos, que são moléculas sensíveis à luz presentes em bactérias, plantas e animais.
Nos animais, sabe-se que o criptocromo está envolvido no controle do ritmo circadiano do corpo, que é o relógio biológico interno.
Já nas aves, o criptocromo, localizado em fotorreceptores nos olhos, está relacionado também com a orientação magnética. Sendo dependente da luz e ativado pelo campo magnético da Terra.

Foi então que pesquisadores do Instituto Max Planck para Pesquisa do Cérebro em Frankfurt, na Alemanha, também detectaram o criptocromo 1 em vários fotorreceptores de mamíferos.
Logo, também é possível que esses animais tenham um sentido magnético associado a sua visão.
O Sentido Magnético dos Animais
Já não é nenhum mistério que vários animais utilizam o campo magnético da Terra como uma espécie de mapa de navegação global invisível. Esse ‘sentido magnético’ está presente em alguns insetos, peixes, répteis, pássaros e mamíferos. Porém os humanos não parecem ser capazes de sentir o campo magnético da Terra.
Um dos mais estudados é o sentido magnético das aves migratórias e sua ‘bússola interna’. Ao contrário das bússolas usadas por escoteiros e trilheiros, que aponta a direção pelo ponteiro, a bússola interna de um pássaro reconhece a inclinação das linhas do campo magnético em relação à superfície da Terra.

Como essa bússola de inclinação em pássaros está ligada a visão, o criptocromo 1a está localizado nos fotorreceptores de cone nos olhos da ave e são sensíveis a luz UV. Ou seja, a molécula só reage ao campo magnético se estiver sendo estimulado pela luz ao mesmo tempo.
Então, à medida que a luz estimula fotorreceptores dos olhos da ave, o campo magnético ativa a molécula de criptocromo 1a na retina.
Distribuição de criptocromo entre mamíferos
Pesquisadores do Instituto Max Planck de Pesquisa Cerebral em Frankfurt, juntamente com outras instituições de pesquisa, decidiram investigar a presença do criptocromo 1 na retina de 90 espécies de mamíferos.
Como o criptocromo 1 nos mamiferos, é semelhante ao criptocromo 1a das aves, os pesquisadores usaram anticorpos específicos para a forma da molécula ativada pela luz. Assim puderam procurarm pelo criptocromo 1 em difrentes espécies.
Eles encontraram a molécula do criptocromo em apenas algumas espécies. Em carnívoros canídeos, como cães, lobos, ursos, raposas e texugos, e em primatas como o orangotango, por exemplo. Mas não encontraram em felídeos, como leões e tigres. Não foi dessa vez pros gatinhos
Assim como nas aves, o criptocromo 1 dos mamíferos fica nos cones sensíveis ao azul. E sua forma ativa nas partes mais externas dessas estruturas.
E por ser improvável que essa molécula tenha influência no ciclo circadiano do animal, muito, ou que atue como um tipo de pigmento extra para a percepção de cores, os pesquisadores então suspeitam que alguns mamíferos podem usar o criptocromo 1 para perceber o campo magnético da Terra.
Além disso, evolutivamente, os cones azuis em mamíferos correspondem aos cones azuis-uv sensíveis às aves. Portanto, é bem possível que o criptocromo 1 dos mamíferos tenha uma função semelhante com relação a orientação magnética.
Mas ficou uma questão. Mesmo encontrando o criptocromo 1 ativo em apenas 2 grupos de mamíferos (canídeos/primatas), espécies que não tem a molécula ativa no olho, como é o caso de alguns roedores e morcegos, por exemplo, também reagem ao campo magnético da Terra. Como isso acontece?
Cães podem enxergar o campo magnético da Terra com Bússola Magnética Interna à Base de Partículas
Uma possibilidade de explicar como esse mecanismo funciona, é que os animais podem perceber o campo magnético de maneiras diferentes. Como por exemplo, com a ajuda de magnetita ou partículas ferrosas microscópicas nas células.
Um ‘sentido magnético‘ usando magnetita, que é um óxido de ferro com propriedades magnéticas, funciona como uma perfeita bússola de bolso. Além de não precisar de nenhuma luz.
Um exemplo de animal que usa esse tipo de bússola interna para se orientar são os ratos toupeira, que vivem em tocas e sistemas de túneis completamente sem luz.
Aves também têm um tipo de mecanismo de orientação adicional baseado em magnetita, que usam para saber exatamente onde estão. Afinal, na hora da migração, toda ajuda para navegação é bem vinda.
Essa descoberta ainda precisa de mais estudos. Até para dizer se essa molécula faz parte de um sentido magnético nos mamíferos ou se tem alguma outra função na retina.
Mas descobrir essa nova percepção de seus olhos, e como enxergam o mundo, já desperta ainda mais a curiosidade.
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